PICOS DA EUROPA - nas "Rutas de senderismo"
A chegada do verão anuncia-se e as férias passam a ocupar uma parte importante daquilo em que pensamos nesta época. Para muitos, viajar representa o ideal de umas boas férias, por isso, resolvi deixar a minha sugestão:
Picos da Europa Numa óptica muito pessoal, considero ser este um destino a ter muito em conta, principalmente para os amantes da natureza. Como atleta, valorizo a mãe natureza e aprecio a calma dos locais belos que ainda existem neste planeta. O mar... a montanha!... Transmitem uma calma e uma paz que me transportam às origens e convidam ao silêncio interior - introspectivo - tranquilizante. Visitei há dias este Parque Natural e, de entre inúmeras maravilhas, quero partilhar a minha experiência nas chamadas "rutas de senderismo", que são os formidáveis percurso pedestres, que nos transportam para locais de uma beleza rara e deslumbrante, ao mesmo tempo que se prestam a uma actividade física excelente para a paus nas corridas. |
Situados na parte oriental das Astúrias, os Picos da Europa surgem à vista do viajante com os seus cumes brancos a desenhar o horizonte, elevando-se acima dos 2.500 m de altitude. O Urriello (o impressionante Naranjo de Bulnes) ergue-se até aos 2.519 m e o pico Torrecerredo, o mais alto, atinge os 2.648 m! As suas neves são eternas, tal como a sua magestosidade. Ao viajante, as estradas apresentam-se serpenteantes, ora rodeando vales profundos, ora rasgando as escarpas descomunais, proporcionando vistas de suster a respiração sobre percepícios sem fundo, onde os rios rebeldes e indomáveis não param de bramir. Por vezes, ferem as rochas e abrem buracos direitos às entranhas da terra, fazendo-nos sair mais à frente, para uma nova e deslubrante paisagem telúrica. |
E as aldeias?! Pequeninas, mas lindas e perfeitamente comungantes daquele espírito natural.
Muitas delas são atravessadas por pequenos rios, que as obrigam a construir as suas pontes arcadas, tornando-as ainda mais atractivas.
Muitas delas são atravessadas por pequenos rios, que as obrigam a construir as suas pontes arcadas, tornando-as ainda mais atractivas.
Aldeia de Potes
Nesta minha viagem, fiz "quartel general" na simpática povoação de Cangas de Onís, concretamente em Celório. Daí até Covadonga é um pulo. O seu santuário é um ponto de paragem obrigatória, principalmente pela capela da padroeira "la Virgen de Covadonga", construída no ventre da montanha. O som produzido pelo cântico dos clérigos, ao final da tarde, jorra do penedo de uma forma lânguida e estranha, irresistível e quase hipnotizante, como as águas da sua fonte sagrada, que se precipitam no lago, mesmo por baixo da capelinha.
Aspecto do Santuário da Vigem de Covadonga
Mais acima, a cerca de 1.100 m de altitude, surgem os grandes lagos. O lago Enol e o lago Ercina. São como duas pérolas a cintilar num cenário paradisíaco e calmo. Daqui saem vários percursos pedestres, além da interessante descida às Minas de Buferrera, um local cheio de histórias para contar.
Há aínda um outro local mágico que gostaria de aqui destacar: Fuente Dé.
Se exitem locais que nos transmitem mensagens directamente à alma, este é um deles. Uma cova imensa, rodeada de floresta (de um dos lados) e de impressionante escarpa, quase vertical, com um desnível de 1.000 m, do outro lado! Duas cascatas produzem um som surdo e pensativo, e tudo o que nos rodeia faz-nos sentir muito pequeninos. Do centro dessa cova, sai um teleférico... directo ao cimo do penedo. Não é aconselhavel a quem sofra de vertigens. Esta é uma experiência pela qual vale bem a pena passar! |
Fuente Dé
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Desfiladero del Cares
Falando de trilhos e de experiências, convido a um passeio pelo Desfiladero del Cares.
Provavelmente este é o percurso mais impressionante para quem não tenha grande experiência em montanha!
Começando em Poncebos ou na perdida aldeia de Caín, pela frente teremos os mais espectaculares 11 km da Astúrias, ou quiçá, da Peninsula Ibérica!
Exceptuando os km mais próximos de Poncebos, que apresentam uma inclinação mais acentuada, o restante percurso é quase plano, o que lhe confere um grau de dificuldade apenas médio.
Se tomarmos como ponto de partida Caín, todas as expectativas iniciais de sermos presenteados com os caprichos da natureza, são desde logo satisfeitas. Em catadupa, curva após curva, não conseguiremos conter os "Ah!..." de espanto e deslumbramento. Uma sequência de túneis, de fendas, de precepícios imensos, de desenhos caprichosos feitos pelos elementos em conjunto, de grutas e escarpas inalcansáveis... sucedem-se, sem que tenhamos sequer tempo de as absorver!
As 6 horas previstas para completar os 22 km (ida e volta ao local de partida) tornam-se escassas... se formos munidos de uma máquina fotográfica (aliás, obrigatória!). Em suma, esta garganta profunda, por onde corre o rio Cares, só pode ter sido esculpida por uma de duas entidades: por Deus ou pelo Demónio!
Publicado em: 05/07/2010