MARATONA ABAIXO DAS DUAS HORAS
G. Muitai
Onde é o limite?
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H. Gebrselassie
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M. Mosop
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S. Wanjiru
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Há dias foi amplamente badalada a marca "galáctica" obtida por Geoffrey Mutai, na Maratona de Boston. Este queniano, ao registar 02h03'02'', superou o actual recorde do mundo, pertença do etíope Haile Gebrselassie, fixado em 02h03'59'' (Berlim, 2008).
Como é sabido, devido a divergências em relação aos critérios da IAAF, o percurso de Boston não permitiu que a marca fosse homologada... mas não deixou de ser uma grande marca. “Até onde pode ir o corpo humano?” “Será o homem capaz de percorrer 42 195 metros em menos de duas horas?” Em 1982, já lá vão quase três décadas... Carlos Sustelo (ao qual já aqui fizemos referência), escreveu uma obra dedicada ao treino e sua metodologia em Atletismo - "ENSINO DO TREINO". Fazendo alusão a Torré, Sustelo elabora um quadro futurista, descrevendo o limite exacto alcançável pelo homem: |
01h53'08,37'' será o último dos patamares que o ser humano alcançará na mítica distância.
A Maratona será corrida ao alucinante ritmo de 22,380 km/hora, ou 2'40'' em cada km!
Note-se que já no início da década de 80 se previa a evolução do recorde da Maratona para a casa das 02h07' num futuro próximo, o que veio a concretizar-se.
Em outubro de 2009, Samuel Wanjiru, então recordista da "Meia" com 58'33'', afirmava à Comunicação Social: "Bater o recorde mundial e correr a Maratona abaixo das duas horas ainda são as minhas metas. Estou apenas a 1'11'' do recorde e acredito que consigo quebrar a marca das duas horas nos próximos cinco anos." Dias depois Wanjiru venceu a Maratona de Chicago, estabelecendo um novo recorde da prova ao finalizar com 02h05'41'' (menos 1' que a anterior melhor marca).
Contudo, há pouco tempo Wanjiru deitava a toalha ao chão: "Para mim é impossível correr em duas horas, mas duas horas e dois minutos é possível. Talvez a próxima geração poderá ter pessoas mais fortes. A minha geração, contudo, não conseguirá."
Para alguns especialistas, quebrar esta barreira é possível, dependendo de factores fisiológicos.
Os professores Dr. Ross Tucker e Dr. Jonathan Dugas, estudiosos da matéria, afirmam que conseguir alcançar esta marca depende da economia de corrida. Não vamos alongar o artigo com explicações científicas pormenorizadas, bastando-nos definir que a economia de corrida corresponde à quantidade de oxigénio utilizada quando se corre a uma dada velocidade sub máxima.
Comparando o corredor ao automóvel, facilmente se perceberá que quanto menos oxigénio consumir, mais económico é o atleta.
Num outro estudo de 2006 (Foster e Lúcia) chega-se à conclusão que os atletas africanos são considerados mais económicos que os europeus. Aqui entra Zersenay Tadese, recordista mundial da Meia Maratona. Este é considerado o atleta mais "económico" da história, contudo, constatamos alguma incredulidade relativa aos dados revelados por este estudo.
Em outubro de 2009, Samuel Wanjiru, então recordista da "Meia" com 58'33'', afirmava à Comunicação Social: "Bater o recorde mundial e correr a Maratona abaixo das duas horas ainda são as minhas metas. Estou apenas a 1'11'' do recorde e acredito que consigo quebrar a marca das duas horas nos próximos cinco anos." Dias depois Wanjiru venceu a Maratona de Chicago, estabelecendo um novo recorde da prova ao finalizar com 02h05'41'' (menos 1' que a anterior melhor marca).
Contudo, há pouco tempo Wanjiru deitava a toalha ao chão: "Para mim é impossível correr em duas horas, mas duas horas e dois minutos é possível. Talvez a próxima geração poderá ter pessoas mais fortes. A minha geração, contudo, não conseguirá."
Para alguns especialistas, quebrar esta barreira é possível, dependendo de factores fisiológicos.
Os professores Dr. Ross Tucker e Dr. Jonathan Dugas, estudiosos da matéria, afirmam que conseguir alcançar esta marca depende da economia de corrida. Não vamos alongar o artigo com explicações científicas pormenorizadas, bastando-nos definir que a economia de corrida corresponde à quantidade de oxigénio utilizada quando se corre a uma dada velocidade sub máxima.
Comparando o corredor ao automóvel, facilmente se perceberá que quanto menos oxigénio consumir, mais económico é o atleta.
Num outro estudo de 2006 (Foster e Lúcia) chega-se à conclusão que os atletas africanos são considerados mais económicos que os europeus. Aqui entra Zersenay Tadese, recordista mundial da Meia Maratona. Este é considerado o atleta mais "económico" da história, contudo, constatamos alguma incredulidade relativa aos dados revelados por este estudo.
Zersenay Tadese - Eritreia
Maratona em menos de duas horas... só daqui a vinte ou vinte e cinco anos.
Para o actual detentor da melhor marca mundial homologada, Haile Gebrselassie, dificilmente alguém superará as 02h03'59'' até 2012, reforçando: "Digo sem dúvida, a primeira Maratona corrida em menos de duas horas levará 20 ou 25 anos para acontecer. Mas vai acontecer."
Essa é também a opinião de Paula Radcliffe, recordista feminina da distância: "Os recordes estão aí para serem quebrados e as pessoas vão treinar para isso, mas alguém vai ter que correr muito para conseguir este. Vai ser preciso muita atitude."
Também Glenn Latimer, autoridade em Maratonas, se mostra céptico. "Talvez seja porque já estou velho, mas não vejo isso a acontecer nos próximos tempos. Acompanhar estes atletas de perto permite-me ver indivíduos tão bons como Haile Gebrselassie; nem imaginam o esgotamento por que passa! Parece magnífico durante 32, 33, 34 quilómetros e aí começa... o corpo para de responder e manter o passo fica dificílimo."
Em conclusão, o futuro é imprevisível. Se uns adiantam que sim, a barreira das duas horas será quebrada, outros não cedem, afirmando que o melhor está feito.
A ser batido esse recorde, uma coisa é certa: uma conjugação de factores terá que estar alinhada: Um atleta em plena forma; um plano de treino perfeito e cumprido; um percurso plano e rápido, com as "lebres" indispensáveis e as condições atmosféricas ideais (sem vento e com uma temperatura entre os 10 ºC e os 15 ºC).
Finalmente, o "incentivo"... ou, por outras palavras, dinheiro! Muito dinheiro!
Quanto a nós, retemos uma frase de Gebrselassie, em entrevista à Runner's World (abril/2011):
Essa é também a opinião de Paula Radcliffe, recordista feminina da distância: "Os recordes estão aí para serem quebrados e as pessoas vão treinar para isso, mas alguém vai ter que correr muito para conseguir este. Vai ser preciso muita atitude."
Também Glenn Latimer, autoridade em Maratonas, se mostra céptico. "Talvez seja porque já estou velho, mas não vejo isso a acontecer nos próximos tempos. Acompanhar estes atletas de perto permite-me ver indivíduos tão bons como Haile Gebrselassie; nem imaginam o esgotamento por que passa! Parece magnífico durante 32, 33, 34 quilómetros e aí começa... o corpo para de responder e manter o passo fica dificílimo."
Em conclusão, o futuro é imprevisível. Se uns adiantam que sim, a barreira das duas horas será quebrada, outros não cedem, afirmando que o melhor está feito.
A ser batido esse recorde, uma coisa é certa: uma conjugação de factores terá que estar alinhada: Um atleta em plena forma; um plano de treino perfeito e cumprido; um percurso plano e rápido, com as "lebres" indispensáveis e as condições atmosféricas ideais (sem vento e com uma temperatura entre os 10 ºC e os 15 ºC).
Finalmente, o "incentivo"... ou, por outras palavras, dinheiro! Muito dinheiro!
Quanto a nós, retemos uma frase de Gebrselassie, em entrevista à Runner's World (abril/2011):
"A pressão vem de mim mesmo. Se alguém diz “faz isto, faz aquilo”, não funciona. No desporto, a pressão tem que vir de ti mesmo, lá de dentro."
Publicado em: 29/04/2011