PECADOS DO CORREDOR
Relendo o nº 176, de janeiro-fevereiro de 2008, da revista SPIRIDON, encontrei um interessante artigo, relacionado com os erros comuns do praticante de corridas, cuja actualidade é permanente. O artigo, da autoria de Ayrton Ferreira, alude a um estudo de Mark Winitz, baseado numa pesquisa efectuada junto de vários especialistas em corridas de fundo. São sete, os erros mais frequentes, segundo o referido estudo, que a maioria dos corredores, principalmente amadores - mas não só, cometem. Assim, |
CORRER SEM PLANO
É um dos principais "pecados" cometidos por estes desportistas.
Na verdade, ninguém poderá alcançar uma meta... se não souber qual é essa meta... nem traçar um caminho para lá chegar!
Um atleta "constrói-se" ao longo dos tempos, durante a sua vida de praticante. E o trabalho que realizará amanhã, será a sequência daquele que ontem foi efectuado, bem como os futuros resultados serão a consequência do somatório de todo o trabalho até aí desenvolvido.
Treinar durante um mês ou dois, arduamente, para uma prova de que "me falou" um amigo, é absolutamente errado, se essa prova não estiver devidamente integrada num PLANO estabelecido antes do início da temporada.
Cada temporada deve pois ser planeada em função da anterior e tendo em vista e que se seguirá. E é com este método que se construirá um atleta com bases para a obtenção de resultados.
Um trabalho feito na base do improviso, tem, pelo contrário, fortes probabilidades de fracasso.
Na verdade, ninguém poderá alcançar uma meta... se não souber qual é essa meta... nem traçar um caminho para lá chegar!
Um atleta "constrói-se" ao longo dos tempos, durante a sua vida de praticante. E o trabalho que realizará amanhã, será a sequência daquele que ontem foi efectuado, bem como os futuros resultados serão a consequência do somatório de todo o trabalho até aí desenvolvido.
Treinar durante um mês ou dois, arduamente, para uma prova de que "me falou" um amigo, é absolutamente errado, se essa prova não estiver devidamente integrada num PLANO estabelecido antes do início da temporada.
Cada temporada deve pois ser planeada em função da anterior e tendo em vista e que se seguirá. E é com este método que se construirá um atleta com bases para a obtenção de resultados.
Um trabalho feito na base do improviso, tem, pelo contrário, fortes probabilidades de fracasso.
SEGUIR INDISCIPLINADAMENTE MULTIPLAS IDEIAS
Segundo erro!
"Dá-me o teu plano de treino, o que seguiste para a prova X..." É frequente ouvir-se isto entre amigos corredores. Ora, cada pessoa é individual e diferente de todas as outras pessoas! Isto equivale a dizer que o plano A, que me deu a mim excelentes resultados, pode muito bem ser um rotundo fracasso para o meu amigo, que tem outro tipo de características psicossomáticas... ou outro tipo de "base" nas corridas.
A condição física do momento, o estilo de vida, o tempo disponível para treinar e para recuperar, o peso, a idade, etc, são factores condicionantes.
Nesta perspectiva, o mais aconselhável é que cada um, com base no estudo de toda a informação que actualmente está acessível, e após um auto-estudo e auto-observação permanente, procure construir o seu próprio plano de treino, talvez mais fácil de executar e mais proveitoso em termos de resultados.
"Dá-me o teu plano de treino, o que seguiste para a prova X..." É frequente ouvir-se isto entre amigos corredores. Ora, cada pessoa é individual e diferente de todas as outras pessoas! Isto equivale a dizer que o plano A, que me deu a mim excelentes resultados, pode muito bem ser um rotundo fracasso para o meu amigo, que tem outro tipo de características psicossomáticas... ou outro tipo de "base" nas corridas.
A condição física do momento, o estilo de vida, o tempo disponível para treinar e para recuperar, o peso, a idade, etc, são factores condicionantes.
Nesta perspectiva, o mais aconselhável é que cada um, com base no estudo de toda a informação que actualmente está acessível, e após um auto-estudo e auto-observação permanente, procure construir o seu próprio plano de treino, talvez mais fácil de executar e mais proveitoso em termos de resultados.
ISOLAR-SE NO TREINO
Segundo Regina Jacobs, que por diversas vezes integrou a equipa olímpica do seu país, tendo sido recordista nacional dos 5.000 m, todo o corredor deve partilhar a vivência do treino diário com treinador ou colegas da modalidade, com familiares e amigos e até colegas de trabalho.
O total isolamento, o procurar curar-se de lesões sem consultar um médico, etc., pode tornar o prazer do treino num autêntico sacrifício.
Se correr é um prazer, haverá razões para não o partilhar?!...
O total isolamento, o procurar curar-se de lesões sem consultar um médico, etc., pode tornar o prazer do treino num autêntico sacrifício.
Se correr é um prazer, haverá razões para não o partilhar?!...
PREPARAR-SE EM DISTÂNCIAS E RITMOS INADEQUADOS
No citado estudo, foi o maratonista olímpico (Estados Unidos) Pete Pfitzinger (hoje, conceituado fisiologista do exército) quem abordou este importante tópico.
Pfitzinger focaliza quatro erros comuns nos treinos intervalados (séries):
- "Tiros" de 400 m na preparação para provas com distâncias superiores a 10.000 m;
- "Tiros" demasiado rápidos para maximizar a melhoria do VO2 (a quantidade máxima de oxigénio que o coração pode bombear para os músculos num determinado período de tempo);
- Fazer treino intervalado em lugar de corrida de ritmo (ritmo próximo do ritmo de prova), que poderia trazer maior benefício para o corredor;
- Seguir uma linha de trabalho de alta intensidade, nomeadamente com "tiros" demasiado rápidos.
De acordo com Pfitzinger, os "tiros" de 400 m são muito curtos para um aumento efectivo de VO2 máx. O programa de treinos deverá privilegiar os "intervalados" de 600 a 1.600 m, sendo contudo, a distância de 3.000 m, corrida ao ritmo da prova de 5.000 m, o mais adequado para os fundistas.
Ao correr as sérias a um ritmo superior a este, equivale a trabalhar mais o sistema anaeróbico, o que causa elevados níveis de lactato e o consequente aumento dos tempos de recuperação.
Em resumo, os maratonistas devem fazer mais "corrida de ritmo" do que treino intervalado, se pretendem melhorar as suas performances.
Pfitzinger focaliza quatro erros comuns nos treinos intervalados (séries):
- "Tiros" de 400 m na preparação para provas com distâncias superiores a 10.000 m;
- "Tiros" demasiado rápidos para maximizar a melhoria do VO2 (a quantidade máxima de oxigénio que o coração pode bombear para os músculos num determinado período de tempo);
- Fazer treino intervalado em lugar de corrida de ritmo (ritmo próximo do ritmo de prova), que poderia trazer maior benefício para o corredor;
- Seguir uma linha de trabalho de alta intensidade, nomeadamente com "tiros" demasiado rápidos.
De acordo com Pfitzinger, os "tiros" de 400 m são muito curtos para um aumento efectivo de VO2 máx. O programa de treinos deverá privilegiar os "intervalados" de 600 a 1.600 m, sendo contudo, a distância de 3.000 m, corrida ao ritmo da prova de 5.000 m, o mais adequado para os fundistas.
Ao correr as sérias a um ritmo superior a este, equivale a trabalhar mais o sistema anaeróbico, o que causa elevados níveis de lactato e o consequente aumento dos tempos de recuperação.
Em resumo, os maratonistas devem fazer mais "corrida de ritmo" do que treino intervalado, se pretendem melhorar as suas performances.
FAZER DA CORRIDA UMA PRÁTICA OBSESSIVA
Muitos corredores adoptam métodos de treino "pesados", o que acaba por transformá-los em desportistas obsessivos. E qual é o risco? A sobrecarga, com a consequente maximização do risco de lesões graves.
É sintoma de "obsessão" o facto de o corredor sentir necessidade da sua rotina de treino diária e de avaliar o seu sucesso unicamente pela quilometragem ou tempos dos treinos. O fisiologista do exercício David Martin, defende que a filosofia do maratonista deve assentar na qualidade e não no volume de treino realizado. Segundo Martin, o maratonista deve incluir na sua semana três trabalhos de qualidade (um treino longo, uma sessão de intervalado longo - 1.500 m, por exemplo, ou fartelek, ou treino de ritmo, e uma sessão de intervalados curtos (entre 800 e 1.000 m). Nos outros quatro dias, o atleta deve efectuar corrida regenerativa e descanso.
É sintoma de "obsessão" o facto de o corredor sentir necessidade da sua rotina de treino diária e de avaliar o seu sucesso unicamente pela quilometragem ou tempos dos treinos. O fisiologista do exercício David Martin, defende que a filosofia do maratonista deve assentar na qualidade e não no volume de treino realizado. Segundo Martin, o maratonista deve incluir na sua semana três trabalhos de qualidade (um treino longo, uma sessão de intervalado longo - 1.500 m, por exemplo, ou fartelek, ou treino de ritmo, e uma sessão de intervalados curtos (entre 800 e 1.000 m). Nos outros quatro dias, o atleta deve efectuar corrida regenerativa e descanso.
ESQUECER TREINAR A MENTE
Aqui está outro dos erros comuns! E que consequências pode acarretar!
A chuva, o calor, o programa nocturno com os amigos... tudo são desculpas para adiar para "amanhã" o treino que deveria fazer hoje. Depois... virá o desinteresse, motivado pela falta de progresso e pela dificuldade em recomeçar.
Eis algumas técnicas (sugeridas pelo especialista Johann Dahlkoetter) para se preparar a mente tal como se preparam os músculos e o coração:
- Rever mentalmente a sessão de treino do dia seguinte, antes de deitar, deixando que o subconsciente efectue o trabalho de preparação para o treino do dia seguinte;
- Usar vídeos de treino de corrida, para tomar consciencialização de como o trabalho efectuado não é tão difícil como por vezes o julgamos;
- Usar técnicas de relaxamento e de respiração, nomeadamente antes do tiro de partida, nas competições;
- Dividir o trabalho em parcelas, definindo bem a forma de efectuar cada uma delas. Por exemplo, se tenho um treino de 32 km para realizar, significa que tenho que fazer quatro vezes 8 km. Devo estabelecer que os primeiros serão corridos num ritmo suave, aumentando gradualmente esse ritmo até ao final. O volume apresenta-se mais alcançável.
- Depois de cada sessão de treino, deve fazer-se uma revisão mental ao sucesso alcançado, tentando encontrar pontos a melhorar.
A chuva, o calor, o programa nocturno com os amigos... tudo são desculpas para adiar para "amanhã" o treino que deveria fazer hoje. Depois... virá o desinteresse, motivado pela falta de progresso e pela dificuldade em recomeçar.
Eis algumas técnicas (sugeridas pelo especialista Johann Dahlkoetter) para se preparar a mente tal como se preparam os músculos e o coração:
- Rever mentalmente a sessão de treino do dia seguinte, antes de deitar, deixando que o subconsciente efectue o trabalho de preparação para o treino do dia seguinte;
- Usar vídeos de treino de corrida, para tomar consciencialização de como o trabalho efectuado não é tão difícil como por vezes o julgamos;
- Usar técnicas de relaxamento e de respiração, nomeadamente antes do tiro de partida, nas competições;
- Dividir o trabalho em parcelas, definindo bem a forma de efectuar cada uma delas. Por exemplo, se tenho um treino de 32 km para realizar, significa que tenho que fazer quatro vezes 8 km. Devo estabelecer que os primeiros serão corridos num ritmo suave, aumentando gradualmente esse ritmo até ao final. O volume apresenta-se mais alcançável.
- Depois de cada sessão de treino, deve fazer-se uma revisão mental ao sucesso alcançado, tentando encontrar pontos a melhorar.
ALIMENTAÇÃO INSUFICIENTE
Escreve Nancy Clark, nutricionista: "O desportista, o atleta, o corredor, só consegue produzir bons resultados se mantiver uma dieta alimentar compatível com os seus gastos energéticos..." Refere ainda Nancy Clark que "...o corredor não deve ficar preocupado com a questão de peso, mesmo porque cada indivíduo tem o seu peso ideal.". Em suma, esta nutricionista recomenda um pequeno almoço bem nutritivo, tal como o almoço, além de "alguns petiscos" nos intervalos. À noite, um jantar leve é o essencial.
Observa aínda Nancy Clark que há corredores rápidos com físicos diferentes, não havendo pesquisas que comprovem o mito de que um fundista magro é melhor do que um outro menos magro.A subnutrição pode levar à perda de massa muscular e consequente perda de resultados competitivos.
Publicado em: 29/08/2010
Observa aínda Nancy Clark que há corredores rápidos com físicos diferentes, não havendo pesquisas que comprovem o mito de que um fundista magro é melhor do que um outro menos magro.A subnutrição pode levar à perda de massa muscular e consequente perda de resultados competitivos.
Publicado em: 29/08/2010